sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Palavras de Márcio Tanabe

Entrevista realizada em 15/07/2003 com o skatista profissional e pessoa responsável pelo lançamento do primeiro Tênis de Skate Brasileiro.


A idéia de lançar o Mad Rats surgiu em 82 e foi por pura necessidade. Yura e eu éramos skatistas profissionais, o mercado brasileiro estava fechado às importações (regime militar), as empresas nacionais que investiram no Skate na década de 70 migraram para outras atividades. Alguns skatistas produziam seus próprios equipamentos, outros comercializavam (Yura, por exemplo). Certa vez, numa viajem à Ubatuba, nos metemos numa encrenca e precisávamos de dinheiro, tínhamos 18 anos e ficamos pensando em algo para resolver nosso problema. Foi quando eu disse que tinha noções de como fabricar um tênis ''manualmente'', Yura sorriu, disse que havia pensado a mesma coisa. Pronto, dois sonhadores somando necessidades, nasceu o Mad Rats. As dificuldades eram muitas, dois moleques tirados de malucos pelo visual diferenciado, falando em montar uma fábrica de tênis. No entanto a marca forte manteve o produto no mercado. Muito trabalho e determinação ajudaram bastante. Parece lenda, mas nós mesmos construímos nossa primeira lixadeira adaptando uma máquina velha de enrolar fios que o meu pai tinha encostada. O Yura reinventou a prensa Sorveteira (nós não sabíamos que alguém já havia inventado). Os primeiros fachetes eram feitos com látex líquido (utilizado na fabricação de bexigas), nós o derramávamos a um trilho de cortina com desmoldante e depois de seco era só retirar e fazer a faixa colorida na parte superior. Fazíamos um preparado de cola de P.V.C com pigmento azul ou vermelho, que era colocado num tubo de Catchup com o bico achatado e com uma guia eu desenhava a faixa sobre o fachete, bom nessa etapa entrava a habilidade nipônica. E não é lenda, chegamos a produzir vários pares assim! Quando fomos a uma Feira Francal, que acontecia no Hotel Hilton em SP no início de 83, revolucionamos nossa industria. Não investimos no início, compramos máquinas apenas para aumentar a produção, tudo aconteceu muito rápido. De repente tínhamos uma fábrica e éramos os únicos no mercado nacional, aos 21 anos ganhávamos muito dinheiro. Não tenho dados sobre os lucros obtidos, quando a fábrica cresceu, o Yura não estava mais no negócio, um tio meu entrou na sociedade e cuidava do setores administrativo e financeiro, eu sempre fui o cara do marketing. Em 82 só saíram protótipos, em 83 vendemos 100 pares, em 84 foram 20.000, em 85 mais 20.000, de 86 a 89 foram 2.500 pares mês, um total de 120.000 pares até então. Em 90, com o Collor na presidência, nós quebramos e nos arrastamos até 95, quando decidi fechar. Nunca fizemos um estudo detalhado de durabilidade do produto, quando o skatista andava muito podia durar um mês, outros ainda tinham o Mad Rats anos depois de eu fechar a fábrica e vender a marca. É importante verificar que os números de produção na década de 80 são bem diferentes dos de hoje, onde o consumo é maior. Vendemos mais em São Paulo, mas atingimos todo o país. 


Entrevistado por Rafael Neves.
FOTO: Ivan Shupikov

2 comentários:

  1. Sou Paco Grafites, fui officeboy na Mad Rats,e me lembro de encaixotar os tênis para exortação certa vez,acho que era para um chileno, não me lembro bem. Mas fica aí a lembrança. Grande abraço ao Tanabe e todas as pessoas daquela época. Comecei a andar de skate naquele tempo por influência da Mas Rats,me fez bem até hoje.

    Saudades de todos.

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  2. Sou Paco Grafites, fui officeboy na Mad Rats,e me lembro de encaixotar os tênis para exortação certa vez,acho que era para um chileno, não me lembro bem. Mas fica aí a lembrança. Grande abraço ao Tanabe e todas as pessoas daquela época. Comecei a andar de skate naquele tempo por influência da Mas Rats,me fez bem até hoje.

    Saudades de todos.

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